segunda-feira, 31 de dezembro de 2007

Tampos de Sanita por: Bruno Duarte

As mulheres queixam-se dos homens deixarem o tampo e a tampa levantados, encostados ao autoclismo ou à parede, numa verdadeira – dizem elas – atitude desrespeitosa e indelicada para com ou vários utilizadores da dita casa de banho. Por outro lado todos se queixam das pinguinhas que por vezes algumas almas mais descuidadas ou com menos tendência para o número circense deixam no tampo sem se preocuparem em limpar, talvez porque nem se preocupem com mais nada além do alívio oportuno. Depois também há os que se sentam para mijar quando muito bem o poderiam fazer de pé. Pois que a natureza os brindou com essa fantástica mais valia em detrimento da capacidade de ter orgasmos múltiplos, por exemplo, que só as mulheres podem ter – a capacidade e os próprios orgasmos, dois momentos bem distintos – que por força das circunstâncias mijam sempre sentadas ou de cócoras; estes são os verdadeiros artistas. O que me ocorreu, e bastante me apraz relatar, é que as mulheres, no alto da sua (des)preocupação, também deixam a tampa para cima, e isso chateia os homens, alguns! Passo a explicar: os homens levantam tampa e tampo para poderem mijar de pé; as mulheres e os tais artistas levantam apenas a tampa para mijarem sentados. O mais comum é toda a gente deixar a sanita em constante e eterno estado de premente utilização. Sendo assim, porque é que só as mulheres é que podem queixar-se dos homens deixarem o tampo levantado? Eles não se podem queixar-se delas (e dos artistas) deixarem a tampa levantada!? Há um sem número de razões pelas quais tudo deve estar no seu lugar, nomeadamente o tampo e a tampa em baixo, mas apenas ressalvo a mais importante: pode cair alguma coisa valiosa para aquele buraco negro de loiça e quando isso acontece, sendo de facto algo estimável ou insubstituível, torna-se no mínimo chato ter de arregaçar a manga para retirar o que quer que seja que lá foi parar. Pois que tirar aquilo com um utensílio de cozinha ou de jardim não dá assim tanto jeito, mas convém sempre tentar primeiro. Isto é como fazer piscas nas rotundas. Não sejam preguiçosos e deixem as coisas na sua devida disposição, tampo e tampa para baixo, mas acima de tudo tenham atenção ao sentar-se. Façam-no depois do anterior utilizador se ter levantado. Não convém criar embaraços e confusões num espaço tão exíguo.

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